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O curioso caso da laje treliçada

     Um dos casos que me intrigou por bastante tempo após a graduação foi a aparente impossibilidade de se usar lajes treliçadas em balanço. Desde moleque, sempre estive dentro de obra — e por mais estranho que possa parecer, as únicas lajes com as quais tive contato até entrar na faculdade foram as treliçadas.      Por uma questão geográfica, econômica ou talvez até cultural, esse sempre foi o sistema hegemônico nas obras da região onde nasci. Mesmo depois de me mudar para um centro urbano com outros parâmetros, ainda era notável a dominância da treliçada sobre os demais sistemas.      O que só tornou mais marcante a minha surpresa — ou melhor, meu espanto — ao ser informado por professores (e mais tarde por colegas) que esse sistema era... limitado. Tecnicamente limitado. A rotina da graduação exige tanto foco na sobrevivência que essa surpresa foi abafada e arquivada sem maiores questionamentos. Havia prazos, provas, normas. E, como t...

Materiais Mágico - 01 - O isopor de rigidez flutuante

     Confesso que acabo passando mais tempo do que deveria nos Reels do Instagram. Não sei se é a quantidade ou o algoritmo personalizado, mas sempre me deparo com os mais variados "pulos do gato" e "esquemas" da construção civil. O mais recente que apareceu pra mim foi a ideia de colocar isopor entre a alvenaria e o concreto fresco durante a concretagem de vigas.      A proposta tenta resolver um clássico conflito entre a teoria acadêmica e a prática de obra. Um princípio básico para o correto dimensionamento e funcionamento de peças de concreto armado é que elas devem ser escoradas até o fim da cura, e, após isso, devem deformar para absorver os esforços de serviço.      Mas formas e escoramentos dão trabalho. Custam caro. E aí, como bom brasileiro, seu Zé Pedreiro chegou a uma conclusão lógica: por que não usar a parede como escora? Resolve dois problemas de uma vez: apoia a viga e ainda economiza forma inferior.      A idei...